Pesquisa Talks é uma newsletter quinzenal feita por duas pesquisadoras de conteúdo para projetos audiovisuais
Por Barbara Heckler e Camila Camargo
2002
Como um bom começo de ano, me pego na expectativa de como serão os próximos doze meses. É esperançoso demais achar que em 365 dias pode estar tudo bem, toda hora, não sou tão Poliana para tal. Porém, não tem como negar que, olhando pra trás, é possível analisar alguns anos que, se jogar numa peneira, o montinho que fica ou é coisa boa ou são uns piruás queimados.
Nessa toada, se eu te perguntar pra escolher o ano da sua vida que você tenha sido mais feliz, qual seria? Me fiz essa pergunta agora no réveillon.
A minha primeira memória foi meu terceiro colegial (não consigo chamar de Ensino Médio, que me parece muito protocolar para uma fase bem mais livre, leve e solta).
Me recordo dos meus 17 sempre com um sorriso involuntário no rosto. Era o momento de fechamento de um grande ciclo escolar. Tinha uma rede de amigos que adorava, alguns deles próximos a mim até hoje. Usava uma calça jeans boca de sino, que tinha voltado aos guarda-roupas da época, uma semi barriga de fora, sandalinha de couro, como uma boa forrozeira. Aaaa como dancei forró… não só saía nas noites regadas a Falamansa, como pertenci a um corpo de baile de dança de salão. E acho que por isso essa fase foi tão inesquecível, porque nada me faz tão feliz quanto dançar (sexo bem feito não deixa de ser uma bela dança). Além de bolero, gafieira, soltinho, eu fazia jazz. Eram 12 horas de aula por semana, fora as baladas. Eu estava plena. As crises de pré-adolescência tinham passado, hormônios deram uma assentada, estava autoconfiante, me encontrei. A Barbara desta época estava radiante.
Parece que depois dos 17, talvez pelo término da ingenuidade juvenil, os anos ficaram mais truncados, com altos e baixos mais gritantes. Vida de adulta bateu à porta, boletos a pagar… dá pra voltar no tempo? Traz o DeLorean, o famoso carro que leva a gente pelo tempo, que eu quero programar 2002 só pra me jogar no montinho de parte boa dessa peneira.
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BARBARA pesquisa como voltar no tempo
Cinco hobbies
Feliz Ano Novo! Mesmo sem garantias de que isso vá acontecer, à meia-noite de 31 de dezembro refazemos esse pacto coletivo de avivamento das esperanças. Plantamos a semente, só que às vezes não sabemos como regá-la nos 365 dias seguintes. Grata surpresa, recebi uma pista da minha professora de inglês.
Há quatro anos, Laura me dá aula de conversação. Tenho a impressão de que já falamos de tudo, mas ela sempre pinça algo novo. Desta vez, foram os hobbies e sua conexão com o bem-estar. Quais eu queria trazer para 2024 e como pretendia fazer isso?
Este é, sem dúvida, um assunto subestimado e mais conectado com as good vibes do que parece. Ao menos foi o que garantiu um artigo que ela trouxe, sobre os benefícios de se cultivar não apenas 1, mas 5 tipos diferentes de hobby:
Um exercício físico
Algo que estimule a criatividade
Uma prática ligada a conhecimento e intelectualidade
Outra ligada ao desenvolvimento emocional/ espiritual
Algo que possa ser rentabilizado
Em geral, nos restringimos a um deles, mas diversificar supostamente traria resultados que vão da melhora do humor e da autoestima à redução do estresse.
Ok, sei que parece só mais uma listinha, mas repare: hobbies são sobre fazer coisas que realmente amamos e, em primeira instância, por PRAZER. Isso muda tudo. Eu faço musculação, mas não amo puxar ferro. Portanto, já não valeria para o meu item 1. Por outro lado, acho que comecei bem na parte 2, a criativa. Ganhei de Natal da minha cunhada e sua noiva, Carol e Lari, um kit de pintura em aquarela. Nunca tinha experimentado e estou completamente apaixonada!
Quanto aos outros 4 hobbies, ativei o modo pesquisa: ando revisando alguns e buscando outros. Faço votos de que eles apareçam pra mim (e pra você!) ao longo do ano. Vou dando notícias!
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"Que tudo se realize, no ano que vai nascer…". Por falar no modo pesquisa, descobri que a música mais emblemática da virada se chama originalmente "Fim de ano" e não “Adeus Ano Velho”. Composta pelo jornalista David Nasser e o cantor Francisco Alves, foi interpretada pela primeira vez por João Dias, em 1951. Integra o lado B de um disco de 78 rotações da gravadora Odeon - que curiosamente traz a versão brasileira de Jingle Bells, no lado A. ✨
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CAMILA pesquisa hobbies nas categorias 1, 3, 4 e 5
📌 Uma Dica de Cada
[Barbara] Saltburn (Amazon Prime), da diretora Emerald Fennel, é cheio de polêmicas e dividiu o público em dois polos, os que amam e os que odeiam. Eu confesso que fiquei no meio do caminho com a tendência a amar. Talvez porque eu ache o ator Barry Keoghan puro talento. Ele interpreta Oliver, um aluno exemplar de Oxford que tem uma obsessão em seu colega hiper rico Felix (Jacob Elordi). O longa te prende pela te(n)são o tempo todo, fora que há sempre uma curiosidade em espiar como famílias que vivem em um castelo se comportam. Oliver é a personificação disso. Minha única ressalva: tiraria um grande pedaço do fim, porque ignora a capacidade criativa do espectador e entrega um didatismo desnecessário. Mesmo assim, vale a pena.
[Camila] Mais do que gostar de um entrevistado, valorizo a entrevista em si e o que emerge daquele específico encontro. Depois de assistir recentemente à série Fim, no Globoplay, achei o Roda Viva com a Fernanda Torres um ótimo complemento. Ela é autora do livro que deu origem à obra e também roteirista dessa adaptação. Foi ao ar na última segunda-feira, gerou inúmeros cortes na internet, mas você pode conferir na íntegra aqui.
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Que linda sua aquarela Camila!
E Bárbara, leio sua coluna com a Martina de 5 semanas mamando. Hj cortei o cabelo, 1h sozinha e foi revigorante. Tem uma diversão em me ver encantada com atividades como essa, mas sei que ainda estou beeem no início da jornada.